NOME: João Francisco dos Santos (76 anos)
QUEM FOI: Mais conhecido como Madame Satã, foi um transformista brasileiro, visto como personagem emblemático da vida noturna e marginal carioca na primeira metade do século XX. Criado numa família de dezessete irmãos, diz-se que João Francisco chegou a ser trocado, quando criança, por uma égua. Jovem, foi para o Recife, onde viveu de pequenos serviços prestados. Posteriormente, mudou-se para o Rio de Janeiro, indo morar no bairro da Lapa. Analfabeto, o melhor emprego que conseguiu foi o de carregador de marmitas, embora houvesse o boato de que foi cozinheiro de mão-cheia. Considerado marginalizado, acredita-se que o fato de ter sido negro, pobre e homossexual tenha contribuído. Dito dotado de uma índole irônica e extrovertida, Santos encantou-se pelo carnaval carioca. Foi assim que, em 1942, ao desfilar no bloco de rua Caçador de Veados, surgiu seu apelido. O transformista se apresentou com a fantasia Madame Satã, inspirada em filme homônimo de Cecil B. DeMille. Era frequentador assíduo do bairro onde morava (conhecido como reduto carioca da malandragem e boemia na década de 1930), onde muitas vezes trabalhou como segurança de casas noturnas. Cuidava que as meretrizes não fossem vítimas de estupro ou agressão. Foi preso várias vezes, chegando a ficar confinado ao presídio da Ilha Grande, agora em ruínas. Frequentemente, Madame Satã enfrentava a polícia, sendo detido por desacato à autoridade. Considerado exímio capoeirista, lutou por diversas vezes contra mais de um policial, geralmente em resposta a insultos que tivessem como alvo mendigos, prostitutas, travestis e negros.
NASCIMENTO: 25 de fevereiro de 1900 - Glória do Goitá, PE, Brasil.
MORTE: 12 de abril de 1976 - Rio de Janeiro, Brasil.
CAUSA DA MORTE: Câncer de pulmão.
OBS: Em 1971, concedeu uma polêmica entrevista ao jornal O Pasquim. No fim da vida, Madame Satã, magro e adoentado, dá entrada num hospital como indigente. Logo, o pessoal do jornal Pasquim ficam sabendo de seu estado e providenciam sua transferência para o hospital do INPS de Ipanema. Diagnosticado com câncer de pulmão em estágio avançado, faleceu em 12 de abril. O cortejo foi acompanhado por uma de suas filhas e seu corpo, sepultado no cemitério da Vila do Abraão, em Ilha Grande, a mesma que abrigou o presídio por onde Satã passou diversas vezes.